Difícil falar dos ideais políticos do
movimento renascentista sem fazer um pequeno passeio pelo movimento iluminista.
Para isso, começamos relembrando alguns porquês desse último movimento.
O iluminismo ou século das luzes é datado a
partir do final do século XVII, estendendo-se pelo século XVIII. As primeiras
manifestações (se é que assim podemos chamar) do movimento, se dão na França
através de trabalhos de René Descartes. O movimento surge como inovação
aos moldes outrora estabelecidos na sociedade, tendo como objetivo principal
promover a razão humana. Se antes a igreja (e Deus) centralizavam conhecimento
[principalmente], agora o homem é impulsionado a participar das decisões acerca
de si mesmos. Kant (1784) define o movimento da seguinte forma
O iluminismo representa a saída dos seres humanos
de uma tutelagem que estes mesmos se impuseram a si. Tutelados são aqueles que
se encontram incapazes de fazer uso da própria razão independentemente da
direção de outrem. É-se culpado da própria tutelagem quando esta resulta não de
uma deficiência do entendimento mas da falta de resolução e coragem para se
fazer uso do entendimento independentemente da direção de outrem. Sapere aude!
Tem coragem para fazer uso da tua própria razão! - esse é o lema do iluminismo
Sem dúvidas, o movimento tem reflexos
ainda nos dias de hoje. Não é à toa que uma frase célebre e conhecida
mundialmente é ainda hoje proferida por muitos: “Penso, logo existe” de René Descartes. Essa frase é senão a chave de
abertura do movimento como manifestação intelectual, afinal tira o homem do
lugar de marginalidade e o coloca em posição privilegiada. Esse movimento de para fora do homem é o início do
progresso que tanto o movimento vai pregar. O homem não mais é refém de suas
próprias projeções. A ideia de Século das Luzes pauta-se nisso: o homem é livre
e capaz de tecer seus próprios interesses. Assim, pensar em Luz como sinônimo da quebra do homem com
aquilo que lhe era imposto para, agora, refletir e ter poder sobre suas
próprias reflexões e escolhas faz total sentido.
O iluminismo é declaradamente um movimento
intelectual, tanto o é que dentre os pensadores da época encontramos Voltaire,
René Descartes, Immanuel Kant, Jean-Jacques Rousseau, Montesquieu,
Denis Diderot,
Jean Le Rond d´Alembert, John Locke.
John Locke (1632-1704), ele
acreditava que o homem adquiria conhecimento com o passar do tempo através do
empirismo;
Voltaire (1694-1778), ele
defendia a liberdade de pensamento e não poupava crítica à intolerância
religiosa;
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), ele defendia a ideia de um estado
democrático que garanta igualdade para todos;
Montesquieu (1689-1755), ele defendeu a divisão do poder político em Legislativo,
Executivo e Judiciário;
Denis Diderot (1713-1784) e Jean Le Rond d´Alembert (1717-1783), juntos
organizaram uma enciclopédia que reunia conhecimentos e pensamentos filosóficos
da época.
Immanuel Kant (1724-1804) - importante filósofo alemão, desenvolveu seus pensamentos
nas áreas da epistemologia, ética e Metafísica.
Como podemos observar, todos esses
filósofos pregavam um estado decentralizado e, em certa medida, questionavam o
poder da igreja. O antropocentrismo e a razão eram a base política do
movimento. É importante ressaltar, nesse sentido, a importância do Renascimento
na mudança que a Europa passava desde o século XVI até o final do Iluminismo.
RENASCIMENTO
O Renascimento é um período histórico
da Europa entre os séculos XVI e XVIII (há controvérsias acerca dessa datação) que
tem evidentes mudanças na cultura, sociedade, economia, política e religião, uma vez que marca a transição do Feudalismo para
o Capitalismo na Europa. Iniciou-se na cidade de Toscana, na Itália.
O Renascimento tem seus ideais fundamentados no
humanismo. “O humanismo afirma a
dignidade do homem e o torna o investigador por excelência da natureza.” (Wikipédia).
A imagem a seguir marca bem essa transição europeia que tira a igreja e Deus do
centro de tudo e coloca o homem como protagonista das ações sociais.
O Homem Vitruviano de Leonardo da Vinci é um
desenho famoso que acompanhava as notas feitas pelo artista por volta do ano
1490 num dos seus diários. Descreve uma figura masculina nua separada e
simultaneamente em duas posições sobrepostas com os braços inscritos num
círculo e num quadrado.[1] A cabeça é calculada como sendo um oitavo da altura
total. Às vezes, o desenho e o texto são chamados de Cânone das Proporções.
O desenho atualmente faz parte da coleção da
Gallerie dell'Accademia (Galeria da Academia) em Veneza, Itália.
Examinando o desenho, pode ser notado que a
combinação das posições dos braços e pernas formam quatro posturas diferentes.
As posições com os braços em cruz e os pés são inscritas juntas no quadrado.
Por outro lado, a posição superior dos braços e das pernas é inscrita no
círculo. Isto ilustra o princípio que na mudança entre as duas posições, o
centro aparente da figura parece se mover, mas de fato o umbigo da figura, que
é o verdadeiro centro de gravidade, permanece imóvel.
A igreja também passará, nessa época, por
mudanças marcantes. Martinho Lutero
é o ícone da vez com a Reforma Protestante, século XVI. Já pela datação
percebemos que as mudanças na Europa se dão em todos os setores. E na religião
não seria diferente. A igreja, principalmente a católica, nesse momento, passará
por um período de conflitos, pois Lutero, em 95 teses, vai protestar contra o panorama doutrinário da Igreja
Católica Romana. Isso culminará, fatalmente, no movimento de Contrarreforma promovido pela Igreja
Católica.
Dentre os questionamentos de Lutero, estão...
1.
Os
conflitos políticos entre autoridades da Igreja Romana e governantes das
monarquias europeias, tais governantes desejavam para si o poder espiritual e ideológico
da Igreja e do Papa, muitas vezes para assegurar o direito divino dos reis;
2.
Práticas
como a usura eram condenadas pela ética católica romana, assim a burguesia
capitalista que desejava altos lucros econômicos sentiria-se mais
"confortável" se pudesse seguir uma nova ética religiosa, adequada ao
espírito capitalista, necessidade que foi atendida pela ética protestante e
conceito de Lutero de que o homem é justificado pela fé, sem as obras da lei
(Romanos 3:28) (Sola fide); Algumas causas econômicas para a aceitação da
Reforma foram o desejo da nobreza e dos príncipes de se apossar das riquezas da
igreja romana e de ver-se livre da tributação papal que, apesar de defender a
simplicidade, era a instituição mais rica do mundo. Também na Alemanha, a
pequena nobreza estava ameaçada de extinção em vista do colapso da economia
senhorial. Muitos desses pequenos nobres desejavam as terras da igreja. Somente
com a Reforma, estas classes puderam expropriar as terras;
3.
Durante
a Reforma na Alemanha, autoridades de várias regiões do Sacro Império
Romano-Germânico pressionadas pela população e pelos luteranos, expulsavam e
mesmo assassinavam sacerdotes católicos das igrejas,substituindo-os por religiosos
com formação luterana;
4.
Lutero
era radicalmente contra a revolta camponesa iniciada em 1524 pelos anabatistas liderados
por Thomas Münzer, que provocou a Guerra dos Camponeses. Münzer comandou massas
camponesas contra a nobreza imperial, pois propunha uma sociedade sem
diferenças entre ricos e pobres e sem propriedade privada, Lutero por sua vez
defendia que a existência de "senhores e servos" era vontade divina,
motivo pelo qual eles romperam.[16] Lutero escreveu posteriormente:
"Contras as hordas de camponeses (...), quem puder que bata, mate ou fira,
secreta ou abertamente, relembrando que não há nada mais peçonhento,
prejudicial e demoníaco que um rebelde".
(WIKIPEDIA)
Os três
movimentos, datados entre os séculos XVI e XVIII, marcam sem dúvida mudanças
mundiais em muitos setores. Num primeiro momento o poder está centralizado e
tudo é divinamente inspirado; num outro, a relação entre Deus e Homem passam a
ser questionadas. Para a sociedade, as mudanças trazidas pelos movimentos, de
certa forma, são benéficas, visto que todas tiram a centralidade do poder e
coloca na mão de cada indivíduo comum o controle mais direto de tudo ao seu
redor. O homem pôde produzir para si mesmo; acessar o conhecimento; participar
das decisões.
- http://www.portalconscienciapolitica.com.br/filosofia-politica/filosofia-moderna/o-principe/
- http://materiasvestibulando.blogspot.com.br/2010/01/renascimento-iluminismo.html
- https://pt.wikipedia.org/wiki/Humanismo
- https://pt.wikipedia.org/wiki/Iluminismo
- https://www.significados.com.br/iluminismo/
- http://www.suapesquisa.com/historia/iluminismo/
- https://pt.wikipedia.org/wiki/Reforma_Protestante