A bíblia é dividida em Antigo e Novo
Testamento. O Antigo Testamento foi escrito por profetas assim como é seguido
pela tradição judaica. O Cristianismo incorporou em sua bíblia o Novo
Testamento que falava do nascimento de Cristo, sua vida, morte e ressurreição. De acordo com o Cristianismo, o Novo Testamento foi escrito pelos apóstolos após a morte de Jesus Cristo.
Conforme a religião cristã foi se expandindo, algumas traduções começaram a ser
feitas e o latim acabou se tornando a língua oficial cristã com o decorrer dos
séculos.
O cristianismo foi por muito tempo
governado pelo papa e por Roma no qual latim era a língua para a comunicação
religiosa pois era a língua em que as bíblias eram escritas e as missas eram
celebradas. Dessa forma, as pessoas somente tinham acesso às escrituras através
do latim. As tentativas para se traduzir as bíblias para línguas vernáculas
eram desencorajadas. Contudo, as primeiras bíblias em línguas vernáculas
começaram a aparecer na Europa no século XVI.
Na
Inglaterra, o Rei Henrique VIII, após discordar de alguns princípios e
restrições da igreja Católica, se desvinculou da igreja de Roma. Assim, o rei
fundou a Igreja Anglicana que já não tinha mais o papa com figura principal,
dessa forma foi declarado que o rei seria o único chefe da igreja na Inglaterra.
Com o Movimento Reformista na Europa, as traduções para o inglês passaram a ser
proibidas no país. Esta também era uma tentativa de impedir o crescimento do
Luteranismo na Inglaterra. Somente as versões de São Jerônimo, que tinham tradição milenar, eram permitidas.
Página da bíblia traduzida por São Jerônimo
Vulgate Gospels, Northern Italy, sixth century. Gospel of St Mark 1
BL Harley MS 1775, f. 144
Copyright © The British Library Board
Contudo, poucas pessoas conseguiam ter acesso às escrituras, pois somente as
mais bem escolarizadas tinham conhecimento sobre o Latim. Assim, William
Tyndale traduziu do latim o Novo Testamento para o inglês com a intenção de que
o conhecimento das escrituras pudesse ser acessado pelo povo. Contudo, seu
trabalho foi considerado herege na Inglaterra e suas publicações foram banidas do
país e posteriormente ele foi executado. O rei teve um papel principal para a
produção de autoridade das bíblias vernáculas na Inglaterra.
Vulgate Gospels, Northern Italy, sixth century. Gospel of St Mark 1
BL Harley MS 1775, f. 144
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Página do Novo Testamento traduzido por William Tyndale
William Tyndale's New Testament, Worms (Germany), 1526. Gospel of John (beginning)
British Library C.188.a.17
Copyright © The British Library Board
William Tyndale's New Testament, Worms (Germany), 1526. Gospel of John (beginning)
British Library C.188.a.17
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De acordo com Sheehan (2015), enquanto o Protestantismo
progredia, a Bíblia Inglesa seguia seu fluxo, assim a Bíblia de Genebra foi a
primeira bíblia autorizada e teve seu início sem a sanção de um rei. Ela seguia
as versões gregas e continha anotações de rodapé. Os editores colocaram essas
anotações de modo a esclarecer algumas palavras e passagens que pudessem de
certa forma parecer obscuras para os leitores. Por volta de 1560 e 1611, a Bíblia de Genebra era
altamente difundida na Inglaterra, mas por volta do século XVII ela passou a
ser vista como um símbolo de destruição do poder dos Reis. As anotações de
rodapé passaram ser vistas como parciais e falsas. Assim, o Rei James convocou
um grupo de letrados para que traduzissem a bíblia mantendo-as mais próximas da
realidade dos escritos originais e assim surgiu a Bíblia do Rei James (King
James Bible). Contudo, essas traduções acabaram sendo proclamações do rei que
foi visto como aquele que deu vida à Bíblia. As anotações da Bíblia de Genebra
foram retiradas em 1611, mais tarde as anotações foram disponibilizadas
separadamente e nunca mais foram publicadas juntas. Já a Bíblia do Rei James foi
criada conscientemente sem anotações de modo que ela se tornasse menos
controversa.
Página da Bíblia do Rei James
King James Bible, London, England, published by Robert Barker, 1611. Gospel of St John 1
BL C.35.l.11, signature 2I31
Copyright © The British Library Board
Ao contrário do Cristianismo Romano, na
Inglaterra a autoria do Novo Testamento não foi atribuída aos apóstolos e ainda assim foi
considerada um livro sacrossanto. Por volta de 1644, a Bíblia de Genebra parou definitivamente
de ser publicada fazendo com que a Bíblia do Rei James se estabilizasse como aquela
que detinha a Palavra de Deus em inglês.
Para Sheehan (2005), as traduções bíblicas
foram um grande marco para a quebra das tradições de um passado medieval. O autor argumenta que ao
mesmo tempo em que houve essa quebra de tradição, começou outras grandes
tradições religiosas. As bíblias vernáculas se tornaram populares e com a Bíblia
de Lutero começou a se espalhar a ideia de que as pessoas poderiam ter acesso às palavras de Deus desde a infância. Contudo,
os estudos bíblicos continuaram acontecendo em Latim. Entretanto, tanto na
Alemanha quanto na Inglaterra, não houve contato com as versões vernáculas. A
partir do final do século XVII não houve mais traduções de bíblias, os letrados
já não se interessavam mais pelos textos do Antigo e do Novo Testamento, mas
sim sobre as histórias bíblicas e cronologias.
Reference
Sheehan, Jonathan, 2005. The Enlightenment Bible : translation, scholarship, culture. Princeton University Press, pp. 1-25
Oline references
http://www.bl.uk/onlinegallery/sacredtexts/images/zoomify/kingjameszoom.html
http://www.bl.uk/onlinegallery/sacredtexts/images/zoomify/tyndalezoom.html
http://www.bl.uk/onlinegallery/sacredtexts/vulgategosp_lg.html
Reference
Sheehan, Jonathan, 2005. The Enlightenment Bible : translation, scholarship, culture. Princeton University Press, pp. 1-25
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http://www.bl.uk/onlinegallery/sacredtexts/images/zoomify/kingjameszoom.html
http://www.bl.uk/onlinegallery/sacredtexts/images/zoomify/tyndalezoom.html
http://www.bl.uk/onlinegallery/sacredtexts/vulgategosp_lg.html
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